O Museu Santos Barosa da Fábrica de Vidro é um museu industrial inaugurado em 1989 nas comemorações do centenário da empresa e instalado no antigo edifício dos escritórios.
Ao longo da sua história, Santos Barosa produziu quase todo o tipo de artigos de vidro, desde o vidro plano à cristalaria passando pelos artigos prensados, o tubo de vidro, os artigos para iluminação e o vidro para embalagem produção a que hoje se dedica em exclusivo.
Nestas condições foi possível reunir um conjunto de memórias, produtos e equipamentos que em exibição no museu acabam por propiciar ao visitante uma panorâmica da história da indústria vidreira portuguesa.
O espólio deste Museu, do âmbito da arqueologia industrial, é constituído por peças de vidro e equipamentos industriais ligados à produção, transformação e decoração do vidro.
O Museu Santos Barosa tem contribuído para a divulgação da história da indústria vidreira e apresenta utensílios da produção manual do vidro, ferramentas e utensílios utilizados na indústria do vidro nos séculos XIX e XX e a reconstituição de um forno.
O Museu Santos Barosa mostra reprodução de desenhos famosos, os processos de produção do vidro e aprimora o caráter estético e artístico das peças.
A Real Fábrica de Vidros Cristalinos de Coina (1719-1747) foi uma estrutura pioneira na Península Ibérica, precursora de técnicas e modelos que continuaram a usar-se durante séculos.
No seu tempo era a única fornecedora de vidros finos, vidraças e espelhos em Portugal e foi um projeto acarinhado por D. João V que fez questão de visitar as instalações e era consumidor da enorme panóplia de produtos disponíveis.
No passado, a Real Fábrica de Vidros Cristalinos de Coina chegou a enviar produtos para China e abasteceu o gigantesco Convento de Mafra com os seus produtos.
A coroa pretendia lançar-se no sector vidreiro e a oportunidade surgiu num contexto de grande desenvolvimento de manufaturas e obras públicas em Portugal.
Coina tinha uma localização estratégica face à região e reunia condições essenciais para acolher tal iniciativa: era zona de finas areias, fundamentais à fusão do vidro rodeada de vastos pinhais que serviriam de combustível para os fornos, e detinha uma experiência técnica ancestral acumulada localmente e transmitida sobretudo por estrangeiros versados nesta arte.
Um período de grande expansão e descoberta das potencialidades do vidro que começava a estar presente em todo o lado.
Ali formaram-se os primeiros mestres vidreiros portugueses e fizeram-se experiências desvendando-se os mistérios da atividade, aprofundando técnicas e métodos.
A real manufatura que forneceu a luxuosa e variadíssima construção do Convento de Mafra chegou a ter 15 estancos aos quais cabia a distribuição dos objetos fabricados pelos clientes de todo o País.
A promoção da produção nacional proibiu a importação e deu-se à administração da fábrica autoridade para revistar navios suspeitos de contrabando.
A partir desta fábrica chegaram a embarcar delicados objetos para a China desde os mais comuns copos e vidraças, delicados equipamentos de laboratório, urinóis, bibelots, frascos de perfume, espelhos, vidros lapidados, esmaltados com exuberantes decoração ao gosto barroco que então se inaugurou e estava patente na arquitetura.
Coina era considerada uma grande fábrica no panorama português e europeu tendo empregado mais de 30 adultos e um número indeterminado de crianças para tarefas de limpeza em zonas de difícil acesso.
O pessoal vidreiro vivia em torno da fábrica e incluía muitos estrangeiros e oficializaram-se casamentos e outro tipo de ligações com os locais, misturando a vida das comunidades.
Quando a Real fábrica fechou portas a sua herança não se perdeu mas perpetuou-se na Marinha Grande onde se usaram os catálogos de Coina como guia eram um verdadeiro manual do sector, muitos objetos ali produzidos podem ainda hoje ser admirados em museus e monumentos nacionais.