A península de Peniche apresenta uma sucessão geológica de estratos de rochas carbonáticas sedimentares da Idade Jurássica, um registo sistemático único de 20 milhões de anos da história geológica portuguesa.
A península de Peniche é um ecossistema único considerado o melhor local da Europa para observar a migração de aves.
Os estudos do estratotipo de Peniche afirmam que a Península Ibérica no Jurássico Inferior era uma ilha e as áreas que agora incluem as cidades de Coimbra, Lisboa e Peniche eram mar.
Uma história registrada nas rochas que remonta ao início do Jurássico (200 milhões de anos atrás) e à vida mais recente no planeta azul, a cidade de Peniche sofreu várias alterações e mutações ao longo dos séculos.
As zonas continentais já eram habitadas por dinossauros e a Península Ibérica localizava-se perto da zona norte do continente americano é o maior registo rochoso desse período em Portugal relacionado com uma era marinha que começou há 190 milhões de anos, antes da formação do Oceano Atlântico.
A parte mais antiga da cidade de Peniche situa-se na área rochosa e a industrial mais recente no istmo (tômbolo) no seu extremo oeste fica o Cabo Carvoeiro e no extremo leste uma extensa praia que é o Baleal.
Peniche era uma ilha, mas na Idade Média o assoreamento provocou a sua união com o continente dando origem a um tômbolo e fontes históricas falam de uma ilha de Peniche que foi um importante porto.
A presença romana foi uma realidade no Arquipélago das Berlengas (reserva natural), a ilha da Berlenga viu na antiguidade as suas águas habitadas por embarcações romanas, na Idade Média as fontes históricas falam de uma ilha de Peniche integrada na esfera económica e administrativa da importante herdade e depois vila de Atouguia da Baleia.
Na Idade Média teve um grande desenvolvimento económico devido ao seu porto, considerado na época de D. Dinis um dos portos mais importantes do reino.
O florescimento econômico possibilitou uma rentável atividade piscatória assente na captura de espécies como baleia (cetáceo que aliás dá o nome à vila) que permitiu a autonomia administrativa deste território face à vizinha povoação de Óbidos.
Na época Contemporânea (séc. XIX - XX) assiste-se à consolidação no concelho de Peniche de uma estrutura económica e social assente na exploração dos recursos agrícolas e numa intensa atividade piscatória que perdurou até à actualidade.
No séc. XX verifica-se uma rápida e profunda transformação da pesca na qual as tradicionais embarcações e técnicas de captura dão lugar à moderna traineira e à produtiva pesca de cerco.
A evolução presencia-se no desenvolvimento de várias indústrias associadas à pesca como a congelação, a salicultura, a indústria conserveira, a construção naval e cultivo da vinha que complementam a produção desta península.
Os locais de interesse geológico da península de Peniche são: Papôa, Praia do Portinho da Areia do Norte, Ponta do Trovão e Praia do Abalo, Miradouro dos Remédios ao Cabo Carvoeiro e Gruta da Furninha.
A Papôa situa-se na costa norte de Peniche e encontra-se uma pequena península calcária e uma fenda vulcânica conhecida como ilhéu de Papôa, isto é, esta formação rochosa apresenta um modelo cársico, um local de pesca muito procurado com bonitas vistas sobre o mar.
O ilhéu da Papôa marca o início da praia do Baleal é um paraíso para os surfistas quando o vento sopra de sudeste e também um excelente local para a observação de pássaros.
Peniche é o melhor local para a observação de aves migratórias da Europa: o shag europeu (Phalacrocorax aristotelis), a gaivota risonha (Larus atricilla) ou a andorinha-do-mar (Sterna dougallii).
A Praia do Portinho da Areia do Norte é um local privilegiado para contemplar de longe a Reserva Natural das Berlengas.
A Ponta do Trovão situa-se na zona norte da península de Peniche, emergindo sobre uma orla rochosa rodeada por uma pequena enseada em U que forma a praia Praia do Abalo.
A Ponta do Trovão apresenta uma sucessão de rochas sedimentares carbonáticas da Idade Jurássica que consiste num testemunho contínuo de 20 milhões de anos de história geológica portuguesa.
No miradouro dos Remédios ao Cabo Carvoeiro encontra-se uma belíssima paisagem cársica formada por rochedos de vários formatos por onde passam frequentemente os turistas e possui um património natural muito rico em termos de paisagem e geomorfologia.
A gruta da Furninha situada na costa sul da península de Peniche é uma cavidade natural ocupada durante o período pré-histórico e o mais importante do concelho.
No ano de 1880 a gruta foi encontrada pelo pesquisador Joaquim Nery Delgado usado como abrigo e necrópole, sítio pré-histórico constituído por um vasto património arqueológico: ossos de vários hominídeos nomeadamente Homo Sapiens (Homem de Neandertal), vestígios de fauna do período quaternário (peixes e mamíferos), utensílios líticos (machados, pontas de flechas, machados de pedra polida), utensílios de osso e várias cerâmicas neolíticas (os famosos vasos suspensos da Gruta da Furninha).
A Península de Peniche é o paraíso geológico de Portugal constituído por uma riqueza natural: afloramentos de rochas, fósseis, minerais, estruturas geológicas, geossítios em constante processo de transformação que deve ser preservado.